Know what to say

Detesto aquilo que tenho de fazer e não consigo, detesto os momentos estúpidos a olhar para as teclas do portátil à espera da força de vontade escondida atrás do ecrã... O que será que vai sair de lá? Depois de esperar, olho de repente, está lá o papel empilhado pronto a ser colocado na laser ao lado. Detesto esperar que apareça uma distracção mais, vou comer, ligo alguém, ligo para todos menos para mim mesma, ligo e ligo e ligo, venho ao e-portefólio à espera de um sinal, escrevo, apago, acrescento, mudo, ouço música, vejo Anatomia de Grey, e desespero. Arrasto os livros da mesa de vidro para os lençóis brancos de algodão, deito-me no chão, sento-me, viro-me, vou tomar um duche, lavo o cabelo, para demorar um pouquinho mais, já são 18h pelo menos, amanhã é que vão ser elas, vou ao e-mail verificar. Custa-me escrever a minha opinião, agora o tema é sobre tecnologias para criar valor, uma dissertação. Oh bolas, só de pensar até me dá enjoos, depois de tantas castanhas e ice tie não admira, detesto ser um tela em branco, não o sou, mas escrever sobre aquilo que ninguém sabe, nem tem de saber, irrita-me. Como se não gostasse de subir a cortina e quisesse passar já para o fim do espectáculo, fazer esta dissertação sobre tecnologia é tão difícil, preferia mil testes de Microeconomia e dois mil de Matemática. Porque não um pouco de integrais e derivadas parciais? Para um lado, para o outro, é tempo de sair, festival de Tunas. Não fiz nada hoje e, amanhã, é que vão ser elas. Tudo porque é mais fácil adiar para amanhã, porque não apetece, porque é mais agradável algo mais do que expor-me. E como diz Meredith Grey:

"Communication. It's the first thing we really learn in life. Funny thing is, once we grow up, learn our words and really start talking, the harder it becomes to know what to say."


Fotojornalismo. Antes de mais apetece-me gritar.
A imagem lembra-me vida, como diria um amigo meu "vidas", que marcaram sem dúvida este ano. Isto porque esta fotografia tem bastante valor emocional para mim. Como vêm relembra situações, sentimentos que, sinto, senti e sentirei. E não entrarei em pormenores que a minha real nobreza saberá melhor que ninguém, apenas deixarei quem acompanha estas mágoas, ou este e-portefólio, com breves momentos tristes e amargos (ao que lamento desde já a minha incapacidade de produzir um texto cómico, com imensas ilustrações e infantil como habitualmente faço).

E antes de começar pelo fim, quero enaltecer um elemento em particular da minha mui humilde nobreza, um elemento que permiti que entrasse na minha vida. Preencheu o espaço que havia livre com o seu apoio incondicional, carinho extremo e introduziu a palavra "irmã" no meu vocabulário, a mulher que me deu o meu segundo sobrinho, ainda bebé com o olhar mais maroto que já vi. Esta personagem será a minha inspiração, é ela que, neste momento, cria a dor, dentro de mim, quando olho para esta imagem. Portanto, a ela, e a quem dela cuidar, uma homenagem. Pelas mulheres, mães solteiras, que choram durante todos os sábados para segunda conseguirem ir trabalhar. E ao meu pequenino, que tem uma tia, crescerá sem ela, mas ela nunca sem ele.

Durante a minha pouca existência, pessoas admiravam o meu círculo de pessoas íntimas (algo a que gosto de chamar de mi nobre realeza), não só amigos mas amizades, família que não era família, uma quantidade infinita de mães, avós e melhores amigos. Presenciei carinhos, amizades e amores diferentes, uns estranhos demais para compreender, uns excessivo-compulsivos para me sufocar, uns equilibrados sempre moderados, uns que "tu casa es mi casa". Mas quando precisei, a admiração não serviu de nada mais: restaram apenas cinco dessas relações diferentes, os "tu casa es mi casa", os verdadeiros. Os a quem doeu (e a quem não doeu, esses foram fazer castelos na areia para a praia da Nívea). Quem ficou, quem sabia quem eu era, ou quem não sabia e confiou em mim, ficou e ficou, uma e uma vez. E agora, a imagem faz-me viver os momentos que precisava de as recompensar e que não posso. Estou presa e sei que precisam de mim. E eu não posso...
 


Nota: Esta mensagem não terá titulo porque não consigo formar palavras para um sentimento.

Voluntária pelo Passado para o Futuro

Ser humano... Difícil de descrever e complexo demais para não errar...
A dificuldade de entrar em quartos escuros, parar sonhos maus e ter medo de morrer rápido demais assombram-nos. Não só a mim, mera humana, sou apenas mais uma de muitos milhares, não me considero especial quanto baste para representar a raça. Falo de algo que todos sabemos que temos em comum, arrepios que paralisam o mundo. Porque todos somos estes seres esquisitos que antes de adormecer pedimos para amanhã o que faltou hoje. Os ladrões que o próximo roubo seja mais rentável, os carentes algo parecido com amor, os preocupados alongam-se mais a pedir paz (já sabem que lhes vai custar a adormecer), os nervosos raios do céu. Se pedimos tudo isto quando sentimos falta, o que pedirá quem já permaneceu em quartos escuros durante tempo demais, quem quer todo o dia acordar e quem acabou de fintar a doença?
Experiências dessas encontrarei eu todos os sábados quando vou, contente, fazer a minha parte no sistema: Voluntariado. Quando olho para aquelas meninas sinto tanta admiração por elas. Sinto-as mais adultas que eu, mais fortes e corajosas, sinto-me eu tão pequena. Sinto-me intimidada por elas conseguirem rir e eu não saber se conseguiria. Se há quem rema contra a maré são elas, muitas crianças, hospitalizadas, órfãs, deficientes, retiradas da família. O que será que já viram elas na sua curta vida? O que sentiram e que não deveriam? Daria tudo para entrar dentro delas e saber o que acham de alguém com uma "vida normal", ou como seriam elas se a tivessem...
Não vou fazer mais uma campanha de solidariedade para o mundo, vou apenas expor a minha experiência ao longo do semestre. Não são pessoas diferentes, são "vidas diferentes", e futuros, que com a ajuda de voluntários como eu, serão "futuros felizes".